por Cristiany Rocha Azamor
Diferentemente do Conhecimento Científico, o Conhecimento do Senso Comum e o Conhecimento Religioso são refratários à refutação. São “verdades” resistentes aos questionamentos que parecem apresentar um aspecto em comum, são Teorias ad hoc construídas para dar sentido a algo sem sentido, não conhecido, não familiar e que causam tensão, desconforto. Em relação às Teorias do Senso Comum (assim denominado por Serge Moscovici o material inerente ao Conhecimento do Senso Comum) são produzidas pelos grupos para que estes se apropriem de um objeto, ou fenômeno, ou situação não familiar. Essas Teorias, ou Representações Sociais, “explicam” o novo que surge e que provoca tensão. Quando os grupos o tornam familiar, o desconforto diminui. No entanto, seguindo o pensamento de Moscovici, a partir do momento que o Conhecimento Científico se aproxima do Senso Comum, essas representações vão se transformando. É o caso da AIDS, antes tida, por certos grupos sociais, como “doença gay”, passou a ser entendida de modo mais adequado por conta da popularização dos estudos e pesquisas relacionados a ela. Mas, e o Conhecimento Religioso? Mostra-se o mais refratário e o mais resistente a mudanças de todos. Talvez por ter sido criado pela Humanidade para dar sentido a certos fenômenos que a Ciência ainda não explica, talvez por ser usado como mecanismo de controle social, talvez por que as pessoas necessitem de um controle externo de sua própria conduta. Enfim, é o tipo de Conhecimento que se mantém, ao longo do tempo, como “verdade” inquestionável pelos grupos a ele associados. No entanto, o ponto a ser refletido em ambos, tanto no que se refere ao Conhecimento Religioso quanto no que diz respeito ao Conhecimento do Senso Comum, é que são construções que ditam comportamentos. Comportamentos que, muitas vezes, são agressivos, discriminatórios, preconceituosos. E aí está uma das origens dos conflitos. Obviamente, não a única, mas, talvez, uma das mais importantes! Vamos refletir...